Eu como antropólogo ao longo de algumas décadas tenho feito algumas anotações sobre o cenário gay goianiense. A decisão de montar esse blog surgiu quando alguns amigos me questionaram se existia algum material publicado, contando a história da vida Gay de Goiânia. Fiz uma busca no acervo da Biblioteca da UFG e na web. Pouquíssima coisa documentada. Apenas alguns trabalhos elaborados pelo grupo de Antropologia e Sociologia da UFG.
Recorri a alguns amigos que também vivenciaram aquela época e recordamos vários acontecimentos. Dois amigos recorram a amigos mais velhos que hoje estão com 70 anos e eles contribuíram para colocarmos tudo em uma sequência cronológica.
Goiânia, apelidada por vezes como ‘capital do cerrado’, ou de "Gayânia" conta atualmente com cerca de 1,5 milhões de habitantes, o que, segundo o IBGE, coloca como a décima segunda maior cidade do país, em termos populacionais.
Nossa região metropolitana (que inclui, entre outras cidades, Aparecida de Goiânia, conurbada à capital) soma mais de 2,3 milhões de pessoas. O cenário gay cresce a cada ano, mas o início de tudo foi por volta do final da década de 70 e início dos anos 80, com os primeiros bares destinados ao público GLS. Ao elaborar esse blog eu e meus amigos sentamos e colocamos no papel tudo que lembrávamos daquela época. Veio um misto de nostalgia com sensação ruim, pois ser gay em Goiânia na década de 70 era algo muito complicado, por ser uma cidade com características rurais. Por isso alguns ainda a denominam de "roça asfaltada".
Década de 70
Na década de 70 existia guetos gays, ou seja, 2 ou 3 bares não totalmente GLS, até porque naquela época a gente nem usava esse termo, estávamos no final da ditadura militar. Chamávamos de "Bar de entendidos". Quando não era nos barzinhos e botecos, a pegação rolava no Parque Botafogo (redondezas do Parque Mutirama), Bosque dos Buritis, em cima da Biblioteca da Praça Universitária e nas cercanias da Avenida Goiás.
O primeiro bar frequentado por "entendidos" em Goiânia, surgiu no final dos anos 70. Chamava-se Baculelê e ficava no Setor Santa Genovena na 5ª Avenida de frente onde era a antiga Saneago. Era um bar que reunia um pessoal mais alternativo, ligado aos movimentos culturais e consequentemente gays. Como era um local mais afastado, os gays que não queriam ser vistos iam lá. Naquela época ainda não tínhamos boate voltada para o público. Só se chegava no Baculelê de carro, pois não passava linha de ônibus por perto. Ou seja, ia no Baculelê os gays mais velhos e que tinham dinheiro. Via-se claramente uma separação de classes quando comparado ao público que ia nos bares centrais, existentes na mesma época.
Os gays com menor poder aquisitivo iam nos botecos da região central, o Bar Tachuá (situado na Av. Paranaíba quase em frente ao Hospital dos Acidentados) e o Bar Xadrezinho (situado na Av. Araguaía quase esquina com a Av. Paranaíba). É importante salientar que nenhum desses bares/botecos eram assumidamente gays, porém foram apropriados pelo público gay masculino da época.
Existia uma espécie de boate frequentada pelo público gay, situada na rua 4 esquina com a rua 7, a Moniks. Assim como os bares, não era uma boate assumidamente gay mas os gays se apropriaram. Esse tipo de movimento de "apropriação" por nós foi muito comum durante a década 70/80 nas principais capitais brasileiras. A nossa geração ansiava por liberdade e não tinha paciência para esperar a boa vontade de empresários em abrir estabelecimentos destinados ao nosso público. Então chegávamos e tombávamos, só faltava colocar a plaquinha com arco-íris e escrito "Território Gay".
Década de 80
Por volta de 1980 surgiu mais uma boate frequentada em sua maioria por gays universitários e intelectuais, era a Mephisto, uma espécie de "inferninho" que ficava na Al. Ricardo Paranhos. Durou pouco tempo.
Nessa época acontecia algo muito revoltante no Centro de Goiânia. Existiam os recrutas (os chamados recos) do exército que tinham prazer em bater em gays efeminados. Todo final de semana, principalmente domingo a tarde, eles saíam das redondezas do setor Guanabara e desciam para o Centro, com a finalidade de agredir fisicamente alguns gays. Há quem diga que a polícia simplesmente nada fazia. A homofobia era gigantesca naquela época e foi agravando com o surgimento da AIDS. O Gay era visto como escória aqui em Goiânia.
No ano de 1982, surgiu na R. 3 no Centro, um bar chamado Bate Papo. É importante frisar que não era um bar que foi concebido para o público gay, porém, como existia uma boate frequentada pelo público gay la perto, o pessoal faziam uma espécie de "esquenta' no Bate papo. Foi algo que aconteceu naturalmente. O bar existe até hoje e frequentado pelos gays acima dos 40 anos. Na época, como era um boteco da zona central era frequentado por gays mais novos e com menor poder aquisitivo
Na mesma época, havia na região central alguns botecos frequentado majoritariamente por gays masculinos. Os principais eram o Bar do Ceará (situado na esquina da R. 8 com a R. 2, onde hoje é o Yes Bar) e o Zepellim (R. 4 com a R. 24) que surgiu em 1984 e tinha um excelente pagode aos domingos. Mas não era um bar assumidamente gay.
Naquela época como não havia internet, as pessoas faziam desses bares ponto de encontro para depois irem a festas particulares (muito comuns naquela época). Os alunos da área de Humanas/Biológicas da Católica e UFG desciam a Avenida Universitária e iam pro Bate papo, bar do Ceará e Zepellim. Muitos dos nossos amigos do Bate papo e Ceará daquela época morreram de HIV. Éramos recém saídos da adolescência, a epidemia de HIV estava começando. Gays não tinham costume de usar preservativo e com isso o vírus encontrou ambiente altamente favorável para se alastrar.
Por volta de 1985 surgiu no Setor Oeste, atrás do zoológico havia um bar mais alternativo, reduto dos gays mais undergrouds, denominado Querelle.
Em 1986 na R. 88 próximo à praça do Cruzeiro havia o Dama de Paus, uma espécie de Pub e que era frequentado por gays com maior poder aquisitivo. Tinha excelente música e decoração sofisticada para a época. Nos fundos do fórum, havia na mesma época um bar-restaurante denominado Café Madrid. Não era um ambiente concebido para gays porém bastante frequentado por gays ligados à cultura e com maior poder aquisitivo.
Por volta de 1987 alguns empresários que moraram um tempo em São Paulo - SP e Rio de Janeiro-RJ, tentaram abrir estabelecimentos voltados para o público de GSL, mas encontraram muita dificuldade. Trecho do artigo (autoria de Camilo Braz) relata bem a dificuldade para se iniciar um mercado assumidamente Gay naquela época. "série de resistências à criação de bares ou boates ‘GLS’ na cidade (especialmente em bairros mais centralizados ou valorizados, como a região Sul), que vão de entraves para a obtenção de alvarás, batidas policiais aparentemente infundadas, abaixo-assinados realizados por vizinhos que não queriam “morar ao lado de bares ou boates gays”, até a depredação e vandalização desses lugares, como exemplificam as narrativas sobre episódios de tijolos ou ovos atirados em suas portas".
Alguns dos relatos que coletamos estão transcritos na íntegra abaixo:
CA, em relato no dia 28/10/2016: "Eu havia estudado em Campinas, SP, uma cidade a frente da mentalidade de Goiânia naquela época, em se tratando desse "tipo" de população! Cedo aprendi a conviver e respeitar as diferenças, mesmo sem necessariamente concordar com tudo o que via e ouvia. Goiânia tinha as famosas "termas" ou "saunas", como a do Hospital Santa Genoveva, a do Pinheiro, na Av Araguaia, a do Tarzam, em Campinas, e até a do Castros Hotel, que eram pontos discretos ou não de encontros furtivos gays. As ruas do centro eram muito frequentadas e usadas como local de se "chegar as vias de fato!" Mas, sempre com muita cautela e as "escondidas"!
A polícia civil abordava que estivesse de carro, sob o pretexte da "moral e bons costumes", somada ao "cuidado" com o cidadão dasavizado! Algumas extorsões eram praticadas e até mesmo abuso sexual por parte da polícia! Sempre me alojava em um apartamento no Centro, cujas janelas abrem para uma viela. Vi é ouvi abordagens policiais, inclusive vi policiais fardados chegando as vias de fato com travestis e seus clientes, tudo em troca do "silêncio" e anonimato! A essa época a Av. Paranaíba era muito frequentada por travestis, e via-se crimes praticados e sofridos por eles! Assisti a um episódio em que um "cliente", em sua Belina, irritado com a negativa do travesti, atirou seu carro sobre uma moto, ocupada pelo travesti e outro cliente! O que me pressionava era o fato de que, no dia seguinte, não se ouvia absolutamente nenhum comentário sobre a tentativa de assassinato praticada na noite anterior! Era como se se afirmasse: -Não vi, nada sei, então isso não existe!"
PLP em relato no dia 03/09/2016: "Em 1989 eu vim do interior de Goiás para morar na capital e estudar. Morava em um edifício no Setor Universitário. Cursava Arquitetura na Escola de Belas Artes da então Universidade Católica de Goiás (UCG). Acabei fazendo vários amigos no curso e sempre descíamos na sexta-feira no final da tarde para os bares de entendidos no Centro. Lá pela metade do curso quase fui reprovado de tanto que ía para a balada. Abriu uma boate chamada Off que ficava no Centro, muito boa. Acabamos fazendo amizade com um dos DJs e ele nos autorizava a levar alguns LPs para ele tocar, então tocava o que a gente gostava. Tocava uns remixes da Madonna e a galera ia a loucura. A gente não precisava de muita coisa pra ficar louco, era bebida e muita música. Droga mesmo era só maconha que usávamos. Cocaína era cara e a gente já sabia que fazia mal. Um dos membros do nosso grupinho tinha uma Fusca 1988 e sempre que saíamos da Off íamos para o Morro do Mendanha ver o nascer do sol. Vi vários amigos do curso e de balada morrerem a míngua devido a "peste gay", a Aids. Gay era visto como um grupo de risco e vivíamos um terror, acompanhando os noticiários. Era muito doloroso ver nossos amigos serem destruídos por um vírus. Como eu era do interior e recém saído da adolescência, eu não sabia como era a vida sexual do pessoal antes da epidemia. Lembro dos relatos dos amigos mais velhos, que a putaria corria solta, que o pessoal transava sem camisinha pois falavam que pra sífilis e gonorréia tinha tratamento. De repente uma legião de amigos infectados, cadavéricos e com feridas espalhadas pelo corpo. Quando algum amigo se isolava ou desaparecia, a gente já desconfiava"
Década de 90
1990 tínhamos um bar chamado Boulevard que ficava no Setor Sul, perto da R. 84. Era um bar não assumidamente Gay mas que praticamente era frequentado só por gays. Muita música boa. Nosso grupo sente muita saudade dessa época. Na época existia uma banda chamada Erasure e tocava-se muita música deles por lá.
Em 1990 surgiu a boate OFF (situada na R. 20, Centro), destinada ao público gay. Por 2 anos reinou, até que em 1992 surgiu a Boate Gênero, a segunda boate assumidamente gay de Goiânia, com show de Drags e strippers, sendo inspirada nas boates gays paulistanas. A Off era boa na quinta e sexta, enquanto a Gênero bombava no sábado. Lembro que existia uma discrepância entre os valores de entrada nas duas boates. A OFF era bem mais barata e por isso frequentada por um público com menor poder aquisitivo, enquanto a Gênero cobrava mais caro e selecionava o público. Mais uma vez víamos a diferenciação de classes. Com o tempo a OFF foi decaindo e se tornou um inferninho. A entrada foi cada vez ficando mais barata e os gays com alto poder aquisitivo só frequentavam a Gênero.
GPA e ASO em relato no dia 10/04/2016: "Conhecíamos os DJs da Off, éramos amigos deles e sabíamos que era injusto deixá-los na mão, parar de frequentar a boate pois provavelmente se o movimento caísse eles perderiam o emprego. Quando começou o burburinho que abririam uma nova boate e chamaria Gênero foi um auê na cidade. De cidade com apenas um destino nos findis, agora podíamos escolher entre a Off e a Gênero. Quando abriu a Gênero a bicharada tudo queria conhecer, mas a entrada era quase o dobro da Off, isso selecionou muito o público. Foi a primeira vez que vi uma cisão entre os grupos dos bares do Centro. As panelinhas foram se formando. As bichas metidas iam pra Gênero e as lisas iam pra Off ".
"Mas a música da Off era melhor, a Gênero valia a pena pois tinha os shows das caricatas, as drags e o cardápio tinha mais opções. A Off era um inferninho, a Gênero lembrava as boates gays de Copacabana, era bonita. Então a gente revezava, bebia gastando pouco na Off na quinta ou sexta e no sábado a gente ia pra Gênero".
A partir de 1992 percebeu-se claramente uma descentralização dos estabelecimentos gays: bares e boates. Houve uma migração para regiões mais nobres de Goiânia, talvez por uma melhor aceitação dos empresários, já que o público GLS (época do surgimento da sigla) é um público assíduo, fiel, que gasta e gera lucros.
Em 1993 ao verem que a Off e Gênero davam lucro, resolveram abrir uma boate em uma área residencial do Setor Bueno. Denominaram de Tigers e situava-se na Av. T2, próximo ao Colégio Objetivo. O forte dessa boate eram os shows de strip masculino. Porém durou pouco tempo, era difícil competir com a Gênero. No mesmo ano, na região da R.8 (Centro) quase ao lado do Bar do Ceará surgiu um bar-restaurante denominado Don Sebastian. Era um reduto de intelectuais, professores universitários e profissionais liberais. Consequentemente o público GLS se "apropriou" do bar.
Começo de 1994 surgiu um bar próximo à praça do Cigano, no Setor Coimbra, denominado Exilium. Não era um bar declaradamente gay e nos primeiros anos o público que frequentava era o pessoal que curtia música eletrônica, raves, artistas plásticos. Anos mais tarde o proprietário (Gugu) arrendou para o engenheiro Fernando e o mesmo transformou em um Bar-boate, focando no público GLS. A quinta-feira era sagrada no Exilium. Lançou excelentes DJs que posteriormente dominaram a cena gay goianiense.
Em Maio de 1994, a paulista Regina Perri (a primeira grande empreendedora do mercado gay de Goiânia) veio visitar os pais em Goiânia. Era do interior de São Paulo mas tinha morado por 5 anos em São Francisco na Calfórnia, trouxe na bagagem uma série de idéias inovadoras para a noite goianiense. Surgiu então o End Up Bar Café, uma espécie de pub, situado no setor Marista, em uma área residencial, próximo ao shopping Bougainville. O End Up foi o primeiro bar assumidamente GLS de Goiânia. Falo assumidamente pois todos os outros não se assumiam como GLS, apenas "escolhidos" pelos gays. Inclusive muitos deles não permitiam cenas amorosas entre casais, como era o caso do Exillium e Don Sebastian.
O End Up era inspirado nos pubs californianos, com uma decoração diferenciada, jamais vista no meio gay goianiense. Tinha um bar com cerveja estupidamente gelada, mesas de sinuca todas coloridas, além de DJs de primeiríssima qualidade. O público frequentado era bem diferente do que frequentava os bares do Centro. Mais uma vez víamos uma diferenciação de classes. Até hoje o End Up é lembrado como o melhor bar gay que Goiânia já teve.
Entretanto o End Up não podia ser naquela área residencial. Deu maior confusão na época e nunca soubemos se as perseguições que o End Up sofreu foram por preconceito dos vizinhos ou se o motivo realmente era por estar situado em área residencial.
Então em 1996 a Regina cansada de ser perseguida, achou um excelente ponto, em uma área permitida. Levou o End Up Café Bar para a Av. República do Líbano, ao lado do antigo Piquiras, o bar mais tradicional da cidade.
Imaginem para a época, uma bar gay ao lado do bar mais famoso e elitizado da cidade? Todo mundo achava que não daria certo e eu fui um deles. Falava pros meus amigos que era óbvio que aquilo não daria certo. Então, final de 96 ela mudou o nome de End Up Bar café para Boulevard (o mesmo nome do bar que existiu no começo dos anos 90).
O Boulevard durou 1 ano somente, pois Regina viu que teria que ampliar o negócio. Então novamente trocou o nome do bar e transformou o novo estabelecimento em boate. Nascia a Jump - House of fun. A jump foi uma boate que ficou conhecida nacionalmente por ter parecia com o Mercado Mundo Mix (movimento gay crescente). Durou até 2007, quando Regina arrendou o bar e o mesmo mudou o nome para Total Flex. Assim foi até 2013, quando fechou.
LFC em relato no dia 26/04/2016: "Quando um amigo meu falou que uma sapa amiga dele ia abrir um bar para entendidos, perto do shopping Bougainville eu ri. Aquilo não tinha como dar certo. Bar gay perto da casa dos políticos da cidade. Coisa gay ficava restrita aos inferninhos do Centro. Dito e feito, fizeram de tudo para a Regina fechar o End Up, que por sinal era ótimo, o melhor bar gay que Goiânia já teve. Mas a mulher era guerreira, foi la e abriu o novo Boulevard que depois virou Jump. A Jump era muito melhor que a Gênero e logo virou referência no centro-oeste. A galera de Brasília não tinha boate que prestasse e vinha pra cá. Aquela boate lotava, os DJs muito bons e no começo o público era selecionado. A gente num tava nem aí se era do lado do Piquiras, deixávamos o carro na Av. República do Líbano e atravessávamos lindos na frente do Piquiras, encarando a High society. Tinha algo inusitado na Jump, um dark room com uma plaquinha escrito "Entre feia e saia bonita". Goiânia nunca tinha tido um dark room, era algo inovador. Mas como tudo, teve uma fase ruim, o pessoal começou a usar muita droga ali dentro da Jump, mas foi uma época de ouro pra cena gay de Gyn".
No final da década 90 com o surgimento das Raves, parte desse público GLS começou a se mesclar com o pessoal da música eletrônica. Havia uma boate chamada Pulse e que apesar de não ser assumidamente gay, o público GLS era a maioria. Havia também naquela época muitas festas gays, organizadas por promoters e como eram poucas as opções gays na cidade, a galera sempre ia para tais festas.
Em 1996 tivemos a Primeira parada Gay de Goiânia. Goiânia já contava com 3 boates voltadas para o público GLS, alguns bares, saunas. A essa altura os gays de classes sociais diferentes já não se misturavam. A galera com menor poder aquisitivo ficava nos bares do Centro (Bar do Ceará, Joãozinho Mercês, Bate Papo) e a galera com maior poder aquisitivo ia para os bares ditos "caros" que era Don Sebastian, Exilium, Boate Jump.
Em 1998 iniciou a festa Halloween da promoter e Dj Erica Lins que ainda continua acontecendo.
De 2000 a 2009
Em 2000 surgiu uma nova boate voltada para o público GLS de Goiânia. O dono queria atrair um público mais seleto e abriu uma casa quase em frente ao Parque Areião, área na época pouco adensada. Foi denominada de Boate Roxy, Foi um "estouro", as "bichas ricas" deixarem de ir na Jump para frequentarem a Roxy. Mas todos acabavam se encontrando nas festas gays da cidade. A Roxy não deu certo e a maioria voltou a frequentar a Jump.
Em 2000 por questões políticas a cena gay começou a ficar morna e os gays tinham poucas opções. A antiga garçonete do Bar Don Sebastian (Alessandra Serafim) então teve a brilhante idéia de criar uma matinê para os domingos a tarde. Alugou uma chácara no setor Sol Nascente, na Av. Perimetral Norte, próximo ao Posto do Gato Preto. Lá criou a Domingueira Millenium. Acontecia todo domingo a tarde e adentrava a noite. De lá íamos pra Jump. Inicialmente era frequentada por gays de menor poder aquisitivo e posteriormente conquistou as "bichas ricas", já que existiam poucas opções de diversão naquele momento na cidade.
No ano de 2001 foi a primeira edição da festa Reveillon da Domingueira Millenium, organizada por Alessandra Serafim. A festa continua ocorrendo em todo reveillon.
Em 2002 as coisas começaram a melhorar e surgiram novos bares gays, dentre eles o Casulo's, situado no Setor Jardim América, era um bar que com o passar dos meses se tornou boate. Posteriormente surgiu um novo bar-boate, denominado Armazém. A essa altura já eram vários estabelecimentos GLS em Goiânia.
Em 2003 onde é o atual bar Athena, surgiu um bar GLS que foi ganhando fama, até se transformar no Athena em 2007.
Em 2004 surgiu a boate Disel Com uma proposta diferente da até então intocável Jump. Era um projeto arquitetônico arrojado e exclusivo com 1000m², divididos em salões panorâmicos, camarotes-lounges, ampla pista de dança com pé direito de 6 metros de altura do piso á torre de iluminação, 3 bares (sendo dois nos camarotes Vips e outro de frente a pista), chapelaria, sistema de som ultra moderno, iluminação high-tech, light design decorativo entre outros. Algo até então nunca visto na cena Gay de Goiânia. O público gay estava aprendendo a ser mais exigente. Quando surgiu acabou fracionando o público que frequentava a Jump.
Em 2005 o ex-dono do Exilium (bar de sucesso na época, principalmente pela música tocada ser excelente) decidiu abrir um novo bar, denominado The Pub. Situado na R. 52 no Jardim Goiás, inicialmente era um bar que tinha Djs residentes, além de uma pequena pista de dança. Localizado em uma área nobre da cidade, logo caiu nas graças do público gay mais seleto e virou boate. Já sofreu 3 reformas, na atualidade segue firme e forte no cenário goianiense.
Por volta de 2005 surgiu o bar Zampollo, situado no setor Bela vista, tornando-se ponto de encontro dos gays com maior poder aquisitivo. No mesmo ano surgiu o bar Alma gêmea, frequentado por gays e lésbicas, ambiente acolhedor mas que durou apenas dois anos.
Em 2007 surgiu na Av. Tocantins o Bar Athena, que além de bar é boate e toca todos os tipos de música.
Em 2008 surgiu a boate Era situada na Avenida T9 em uma Galeria (no mesmo local onde era a boate Pulse). Durou menos de 1 ano. Na mesma época surgiu o bar da Help, um novo reduto para as lésbicas (na Av. T1). Também surgiu nessa época o bar Akazzo (Rua 15 no Setor Marista) e o Bar Zouki (Av C-171 no Setor Jardim América), ambos duraram pouco tempo.
Fevereiro de 2009 surgiu uma nova boate, a Moon Black Beer House, no mesmo local da antiga boate Era. Após 1 ano e meio fechou as portas. Em Março de 2009 surgiu um novo bar-pub-boate em Goiânia. Situado na rua 83, o Metropolis não foi inicialmente concebido como um estabelecimento GLS, porém acabou abraçando o público GLS. O público que frequenta, desde o início é variável, dado a heterogeneidade da música tocada na pista. O ambiente bem underdroung e desde 2009 vem organizando festas temáticas. Segue sólido no cenário goianiense.
De 2010 a 2016
Em 2010 alguns um jovem DJ (Lucas Manga) resolveu criar um espaço diferente dos convencionais pois a nova geração GLS estava considerando entediante o circuito gay da cidade. Surgiu então na rua 115 do Setor Sul o El club. Diferente das outras baladas GLS goianienses que tocavam preferencialmente Pop e música eletrônica, no El Club toca-se música eletrônica, mas também indie, hip-hop e pop. Acabou tornando-se uma das queridinhas do público do circuito underground. Com festas diferentes a cada semana. Segue firme e forte, com seu público cativo.
No ano de 2010 a Total Flex promoveu uma festa para relembrar os tempos de ouro da Jump.
Flyer da Total Flex em Junho de 2010.
Em Agosto de 2011 foi inaugurado o Louvre Lounge, uma boate com uma nova proposta. Situada na badalada R. 146 do Setor Marista, durou poucos meses e não agradou o público GSL goianiense.No mesmo ano, a Prefeitura de Goiânia através da Secretaria Municipal de Cultura criou o Projeto Grande Hotel Vive o Choro. Muito frequentado pelo público LGBT, o projeto ocorria e continua acontecendo todas as sextas-feiras no calçadão da Av. Goiás em frente ao Centro Cultural Grande Hotel, sempre com MPB, Choro e Samba. Ficou conhecido como "O Chorinho"e é considerado um dos eventos semanais mais democráticos do Estado sendo prestigiado por um grande número de pessoas.
Em 2011 surgiu a Left House, um bar-boate situado no Setor Marista e que durou pouco mais de 1 ano. Também em 2011 foi inaugurado um bar na R. 143 do Setor Marista, próximo ao Louvre Lounge, denominado Conversa de Boteco, o bar nunca foi GLS, porém acabou recebendo o público de braços abertos. Atualmente é o bar mais frequentado pelos gays com maior poder aquisitivo.
Março de 2012 foi inaugurada uma nova boate em Goiânia, situada na Av. 85 com R. 105, foi denominada de Fleertty. A boate durou pouco mais de 6 meses.
Em 2012 foi criado a Diablo Pub, situada na R. 91 no Setor Sul. Originalmente não tinha intenção de receber o público GLS. Focado em tocar Rock, o pub acabou atraindo a galera alternativa da cidade.
No ano de 2014 surgiram novos clubes que atraíram o público GLS, principalmente de 18 a 25 anos. Primeiro a boate Music Club, situada na rua 86. Com a mesma proposta do The Pub mas que não se rotula GLS, pois acredita ser um espaço de convivência democrático.
Posteriormente em Setembro de 2014 foi inaugurada a Roxy. Nas noites de quarta-feira, o clube vira karaokê, onde todos os ritmos são permitidos. Toca-se desde pop, música eletrônica, até chegar ao funk e ao hip hop. A casa tem sua decoração inspirada nos inferninhos nova-iorquinos do final dos anos 1970. Ambas seguem funcionando.
Em Março de 2016 foi inaugurada na R. 139 do Setor Marista a boate Space Club. O ex-dono da Boate Disel em parceria com um sócio, criaram um ambiente grande, com excelente acústica, e boa música. O público que frequenta é praticamente o mesmo da Disel.
Fontes:
- Entrevista com o Sr. Ceará dono do Bar Ceará.
- Entrevista com o proprietário do Bar Bate Papo
- Entrevista com Regina Perri - empresária do ramo
- Entrevista com Luis Pinheiro - Produtor de teatro
- Braz, Camilo; Mello, Luiz. "Éramos 9 gays, 20 policiais e a imprensa local" - narrativas (de) militantes sobre as paradas do Orgulho LGBT em Goiás. In: Passamani, Guilherme Rodrigues. (Org.). (Contra)Pontos: ensaios de gênero, sexualidade e diversidade sexual. O combate à homofobia. Campo Grande, Editora da UFMS, 2012.
- Braz, Camilo. (2015). Entre sobreviventes e bichas dos tempos dourados - memória, homossexualidade e sociabilidade na cidade de Goiânia, Brasil*. Cadernos Pagu, (45), 503-525. https://dx.doi.org/10.1590/18094449201500450503
Na atualidade (2016) Goiânia conta com os seguintes estabelecimentos voltados para o público GLS:
- The Pub - boate
- Space club - boate
- Music club - boate
- Yes - bar e boate
- Athena - Bar e boate
- Roxy - bar e karaoke
- El club - Bar e boate
- Simpatizantes: Diablo Pub, Metropolis.
Alguns estabelecimentos que são Gay Friendly em Goiânia: http://www.curtamais.com.br/goiania/12-lugares-gay-friendly-em-goiania
adorei conhecer esta historio lembrei de muita coisa pois eu estive nesses locais tudo obg. e se tiver mais espero receber informaçoes meu e-mail romulovazbarbosa@gmail.com...... obg
ResponderExcluirAdorava a Genêro, tenho otimas lembranças daqueles anos em que a boate fervia ao som de summer is magic... Hoje moro em Sampa.
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